Fundos de Papel ou Fundos de Tijolo: Qual é o mais rentável?

Fundos de Papel ou Fundos de Tijolo: Qual é o mais rentável?

O mercado de fundos imobiliários tem atraído cada vez mais investidores no Brasil. Dentre as diversas opções disponíveis, os fundos de papel e os fundos de tijolo se destacam por serem dois dos principais tipos de fundos imobiliários (FIIs) e por apresentarem características bem distintas. Mas, afinal, qual deles é o mais rentável? Neste artigo, vamos explorar detalhadamente cada tipo de fundo, suas particularidades, vantagens e desvantagens, além de avaliar qual deles oferece o melhor potencial de rentabilidade.

O Que São Fundos Imobiliários?

Antes de entrarmos no debate entre fundos de papel e de tijolo, é importante entender o que são os fundos imobiliários. Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) são veículos de investimento que reúnem recursos de diversos investidores com o objetivo de investir no setor imobiliário. Eles podem realizar a compra, venda e administração de imóveis, além de adquirir títulos imobiliários. Esses fundos oferecem a possibilidade de obter rendimentos, tanto pela valorização dos ativos imobiliários quanto pela distribuição periódica de dividendos aos cotistas.

Fundos de Tijolo: Definição e Características

Os fundos de tijolo são fundos imobiliários que investem diretamente em imóveis físicos. Esses fundos podem comprar, alugar, vender ou administrar propriedades como:

  • Shopping centers
  • Edifícios comerciais
  • Galpões logísticos
  • Hospitais
  • Prédios residenciais

Os rendimentos desses fundos provêm principalmente dos aluguéis recebidos dos imóveis. Ou seja, o retorno é ligado diretamente à ocupação e à valorização dos imóveis. O valor da cota desses fundos pode aumentar conforme a valorização dos imóveis e o aumento dos aluguéis.

Vantagens dos Fundos de Tijolo

Estabilidade no Longo Prazo: Imóveis físicos costumam ter uma valorização constante ao longo do tempo, especialmente em locais estratégicos. Isso proporciona um potencial de crescimento estável.

Proteção Contra Inflação: A maioria dos contratos de aluguel tem reajuste baseado em índices inflacionários, como o IPCA ou o IGP-M, o que pode proteger o fundo contra perdas devido à inflação.

Baixa Volatilidade: Como os fundos de tijolo estão atrelados a ativos físicos, sua volatilidade tende a ser menor em comparação a outros tipos de investimentos.

Distribuição Regular de Dividendos: Os fundos de tijolo costumam distribuir dividendos de forma estável, já que os aluguéis geram fluxo de caixa regular.

Desvantagens dos Fundos de Tijolo

Risco de Vacância: O rendimento dos fundos de tijolo depende da ocupação dos imóveis. Se houver vacância, o fundo pode sofrer uma queda significativa em sua rentabilidade.

Baixa Liquidez: A compra e venda de imóveis são processos demorados e caros, o que impacta a liquidez do fundo.

Impacto de Crises Econômicas: Em momentos de crise econômica, empresas podem renegociar ou até encerrar contratos de aluguel, o que reduz o rendimento dos fundos de tijolo.

Fundos de Papel: Definição e Características

Os fundos de papel, por outro lado, não investem diretamente em imóveis físicos. Em vez disso, eles aplicam em títulos imobiliários, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs). Esses títulos representam uma espécie de financiamento ao setor imobiliário, gerando rendimento por meio de juros pagos pelas empresas que utilizam o crédito.

Os rendimentos dos fundos de papel vêm principalmente dos juros e correções monetárias dos títulos imobiliários. Em muitos casos, o retorno está atrelado à taxa básica de juros (Selic) ou a índices de inflação, o que pode proporcionar uma rentabilidade atraente.

Vantagens dos Fundos de Papel

Alta Liquidez: Por serem investimentos em títulos e não em ativos físicos, os fundos de papel têm uma liquidez maior que os fundos de tijolo.

Proteção Contra Inflação e Juros: Muitos títulos imobiliários são corrigidos pelo IPCA ou pelo IGP-M, o que oferece uma proteção direta contra a inflação. Além disso, quando a taxa de juros está alta, esses títulos tendem a se valorizar.

Diversificação: Os fundos de papel costumam diversificar suas carteiras em diferentes títulos, o que pode reduzir o risco de concentração em um único ativo.

Rendimento Mais Estável em Crises: Como os fundos de papel estão mais vinculados a rendimentos financeiros, seu desempenho pode ser menos afetado por crises no setor imobiliário.

Desvantagens dos Fundos de Papel

Risco de Crédito: Os fundos de papel estão expostos ao risco de inadimplência dos emissores dos títulos. Em cenários de crise, o risco de calote pode aumentar.

Dependência de Taxas de Juros: A rentabilidade dos fundos de papel pode ser impactada pela variação da taxa de juros e de índices de inflação. Em um cenário de juros baixos, por exemplo, o rendimento pode diminuir.

Volatilidade Maior: Embora não sejam tão voláteis quanto ações, os fundos de papel tendem a ter mais oscilação em seu valor de mercado devido à sensibilidade aos juros e ao cenário econômico.

Comparação de Rentabilidade: Fundos de Papel vs. Fundos de Tijolo

A rentabilidade de fundos de papel e fundos de tijolo depende diretamente de vários fatores, incluindo o cenário econômico, a inflação e as taxas de juros.

Cenários de Alta Inflação: Em períodos de alta inflação, os fundos de papel podem ter uma rentabilidade mais interessante, especialmente aqueles que investem em CRIs e LCIs corrigidos pelo IPCA. Já os fundos de tijolo podem sofrer, pois os aluguéis demoram um pouco mais para serem reajustados.

Cenários de Alta de Juros: Quando a taxa de juros está em alta, os fundos de papel também podem ser beneficiados, já que alguns títulos têm sua remuneração atrelada a essas taxas. Por outro lado, os fundos de tijolo podem perder valor, pois o financiamento para compra de imóveis se torna mais caro.

Cenários de Estabilidade Econômica: Em um ambiente estável, com juros baixos e inflação controlada, os fundos de tijolo tendem a ter uma boa rentabilidade, pois podem contar com a ocupação dos imóveis e contratos de aluguel reajustados.

Exemplo Prático de Rentabilidade

Fundo de Tijolo: Em um cenário estável, um fundo de tijolo que possui imóveis bem localizados e com contratos de aluguel reajustados regularmente pode ter uma rentabilidade média de 7% a 10% ao ano.

Fundo de Papel: Em um cenário de alta inflação e juros, um fundo de papel que investe em CRIs atrelados ao IPCA pode ter uma rentabilidade superior a 10% ao ano, já que o retorno desses títulos acompanha o aumento da inflação.

Qual Fundo É o Mais Rentável para o Seu Perfil?

A escolha entre fundos de papel e fundos de tijolo depende muito do perfil de investidor e dos objetivos financeiros. Vamos analisar alguns perfis de investidores e qual tipo de fundo pode ser mais vantajoso:

Investidor Conservador: Para quem busca estabilidade e previsibilidade de renda, os fundos de tijolo podem ser mais atraentes, devido à menor volatilidade.

Investidor Moderado: Para quem busca um equilíbrio entre segurança e rentabilidade, uma carteira mista, que inclua tanto fundos de tijolo quanto fundos de papel, pode ser a melhor estratégia.

Investidor Agressivo: Investidores que toleram mais risco e que buscam aproveitar cenários de alta de juros e inflação podem preferir os fundos de papel, que têm maior potencial de rentabilidade nesses períodos.

Tributação e Custos: Impactos na Rentabilidade

Os FIIs têm a vantagem de isenção de imposto sobre os rendimentos distribuídos, desde que o investidor pessoa física atenda aos requisitos da legislação. No entanto, a venda de cotas com lucro está sujeita a imposto de 20%. Além disso, os FIIs possuem custos de administração e taxas de performance que devem ser considerados ao calcular a rentabilidade.

Conclusão: Fundos de Papel ou Fundos de Tijolo?

Em última análise, a rentabilidade entre fundos de papel e fundos de tijolo depende do cenário econômico e do perfil de cada investidor. Em momentos de alta inflação e juros, os fundos de papel podem apresentar retornos mais atrativos. Já em cenários de estabilidade econômica e crescimento, os fundos de tijolo podem ser mais vantajosos.

Para investidores com tolerância ao risco e interesse em aproveitar oscilações de mercado, os fundos de papel podem oferecer ganhos interessantes. Por outro lado, para quem prefere um fluxo de renda mais previsível e menos suscetível a variações de mercado, os fundos de tijolo são uma escolha sólida.

Independentemente do tipo escolhido, é essencial que o investidor diversifique sua carteira e mantenha-se informado sobre as condições do mercado para tomar decisões mais acertadas e potencializar sua rentabilidade.